terça-feira, 22 de abril de 2008

/

Não tive noção de espaço. Preocupei-me tanto em preencher, que exagerei. Hoje estou cheia, porém continuo sentindo um vácuo...

Ocupei-me com nada?

sábado, 19 de abril de 2008

Naomi

O vento mudou de direção. Há muitas noites que venho te procurando com as mãos quando já deitada na cama. Procuro-te cega, na escuridão do quarto, mas só encontro a gata dormindo com as patas cruzadas.

Ofereceste-me uma ausência. Não aceitei, acostumei-me.

Em quatro meses estarás com outras, na cama com outra, nos olhos de outra, nas palavras de outra, cantarolando para outras. Quatro porque dois já foram. Não lembrarás do tom da minha voz, nem que eu vestia cinza no dia, nos dois primeiros.

Daqui a quatro anos não saberás por onde tenho andado, nem te esforçarás em perguntar aos milhares de amigos em comum: como ela está? Ainda lê? Tornou-se filósofa?
Em quatro anos eu não escreverei pra ti, não te procurarei e nem balbuciarei teu nome no vão da noite.

Não dou espaço para dúvidas ou incertezas. Sinto frio. Um frio que se alojou em minhas pálpebras. Um frio que me nega calor. Ao menos um dia estive apaixonada.
Sei.
Não, não sabem! Ninguém sabe.

Poderia ter aceitado o que a vida me deu. Eu poderia ter sido feliz. Poderia. Sugestivo. E se...
Não, ela não estaria lá e quando ela não está eu me perco no vazio, meu ego ecoa e eu posso ficar surda de razões.

É mais um adeus? É. Por que me perguntas ou por que me pergunto se sei das respostas cada detalhe?

Não me percas jamais. Jamais porque "nunca" é uma palavra muito forte.
Não te perco... nunca!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ao Sucinto Amor de Ontem.

Ana,

isso que te escrevo é sobre desejo. Não desejos carnais, não os meus desejos de ti, mas sim para ti. Quero que a cada final de mês tu olhes para trás e ria dos trinta dias passados. Que aprendas com cada momento, que desfrutes e tires a essência de cada pessoa que por ti passar.

Não que nós não tenhamos sido, nós fomos. Cada uma do seu jeito. Tu fostes do teu, tu me quisestes do jeito que quisestes. Mas eu continuei.
Não é que eu não te entenda, nem que eu não queira ficar contigo, mas nós somos duas, talvez duas inteiras, por enquanto. Já falei sobre isso contigo, tu sabes que eu tenho, de novo, que esperar ser metade. Nós fizemos um pacto, mas tu não cumpristes.

Poderei eu, daqui um tempo, procurar teu rosto por aí e te ver em cada avesso das pessoas. Mostra-te, mostra tudo o que queres e ampara isso que eu deixei. E então todas as cidades irão guardar as nossas imagens não feitas. E todos os países não nos terão como tanto almejaram, assim como eu não quis, assim como eu poderia me culpar por ser frígida com sentimentos.

Desejo que tenhas onde te abrigar enquanto chove. Tu não deves te esquecer que os amigos são portos e que tu não precisas ser forte sempre, em qualquer assunto. Essas mentirinhas não levam à lugar algum, a não ser a perda de destino. Tu não saberás mais em que acreditar, o que é verdade ou delírio.

Eu te desejo um lugar quente enquanto faz frio lá fora para que tu não congeles. E borboletas no estômago enquanto a primavera traz novas flores. E alguém que te dê um colo e cobertas quando o outono vier. E, depois, te desejo o sol e os passarinhos para que tragam música ao teu coração.

Seria uma escolha, eu preferi acordar. Mas eu quero que saibas que da mesma forma que um lápis deixa marcas em folhas brancas mal apagadas, tu me marcasse. E tu vais permanecer aqui dentro até as próximas vezes em que nos abraçarmos.

Se quiseres, podes ouvir os outros quando disserem que sou perda de tempo. Eu só quero dizer que eu desejo que tu encontres o que procuras e que te mantenhas quente e doce, como mel, sempre.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Desabafo.

Se cada um cuidasse da sua vida e do que é seu, as coisas seriam melhores e não escapariam com tanta facilidade.
Quanto à mim, posso dizer que se eu quiser me prender, será por vontade própria. Se tentarem contra ela, eu fujo.
E além de tudo e mais um pouco, deveriam olhar para o próprio umbigo, hipócritas.
Besos.



sexta-feira, 11 de abril de 2008

/

Eleonora,

estou apavorada. Não havia acontecido antes. Ainda não sei o que é, sei que quando te vejo me vem uma vontade imensa de tirar minhas vestes e deitar-me de bruços em teu colo, te olhando, em um quarto vazio, coberto por cortinas e paredes brancas, sem luz, só a que entra pela varanda, a nossa varanda, cheia de vasos e gatos.

Estou te escrevendo porque prefiro te avisar agora, antes que a situação se agrave e eu consiga fazer de mais um coração, inverno. Prefiro que saibas, desde já, que eu não sou, nem nunca fui, tudo o que alguém pensou ou quis pra sí. Esse gelo externo vem de dentro. Essa má vontade no amor.

Mas, Eleonora, eu quero que sintas o agora. Que entendas e lembres que desde que te vi, eu te desejei. Que os meus beijos foram dados com a maior intensidade. E que nos momentos em que estive ao teu lado, eu não precisei te tocar pra sentir alguma coisa, eu passaria horas só olhando.
Que as tuas dúvidas quanto ao que eu penso, são as minhas respostas de sim pra ti. Que eu jamais ficaria brava após te adoçar a boca e que se fico calada de uma hora pra outra, é porque eu não preciso de palavras pra que me entendas.

Eu não estou tentando decifrar, nem faço questão, não é o momento. Ao mesmo tempo que penso assim, queria saber detalhes do que se passa em mim. Em ti eu não sei, vez ou outra tenho medo de saber, e curiosidade. Estraguei-me tanto, tu não és estragada.

Eleonora, sabes me dizer o que é isso? Não sou boa em nomear sentimentos, nem com precipitações. Sabes? Às vezes eu penso que é só mais um tombo, um devaneio. Uma vinda que logo vai. Isso me dá medo, não por mim, estou acostumada.

Entendes de signos? Sabes que minha lua é em gêmeos? E sabes que a lua fala sobre sentimentos? Eu sou inconstante, Eleonora, e a nossa vida corre risco. A nossa vida que é feita de afabilidade. Porque não se vive sem isso, não é vida, é sobrevida.

Te conheço tão pouco, Eleonora e no entanto já fazes parte de mim. Tu realmente me queres? Por inteiro? Às vezes eu tenho dúvidas. Medo das minhas reações. Medo das intenções, de não levar à sério, de deixar passar a coisa mais linda da vida por um simples receio de gostar.

Sou um animal! Tu bem sabes, tu não és tansa. Percebes por tudo o que aconteceu antes. Eu sou arisca, quanto mais te aproximas, mais eu me afasto, mas eu não estou conseguindo tão facilmente agora, isso é algum problema? Estou enlouquecendo, querida, não consigo derreter essa bola de neve que se fez na porta da minha alma, não consigo derreter essa frieza que me faz.

Eu espero que isso dure o momento que tenha que durar, pois estou cansada dessa minha impulsividade que me toma a calma e me faz desistir de mim, de tudo. Eu não posso agora. Tudo tem que ser perfeito. Nós somos perfeitas, não teria porquê. Espero que eu não fuja mais uma vez. Quero me acolher, como felina, em um coração só. Um coração de mimos. Mas sou virginiana e tudo tem que ser completo aos meus olhos. Eu espero que permaneça toda essa vontade.

Te peço desculpa desde agora se eu errar em algum momento.
Quero-te, pequena.

Violet.