quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Alice parou por horas em frente ao espelho segurando a lista de defeitos que haviam citado sobre quem gostava. Nela dizia: ela sempre foi eremira, reclusa, velha, chata, ranzinza. Logo após isso veio a pergunta dos dedos dela: viu, quem iria se interessar por alguém assim? Alice teve a vontade de berrar para o mundo inteiro: Eu! Eu dou a vida por alguém assim.

Em decadência!, o estado era decadente. Duas noites seguidas e ela lá, novamente precisando de um dormonid, que fosse, para buscar o sono. O sono que se perdeu sabe-se lá desde quando, ou aonde. Buscando motivos pra falta. Ela tinha noção de que aquela insônia tinha nome, sobrenome e endereço.

Agora, dopada, Alice pega papéis e mais papéis e sem ter a mínima noção do que escrever, ela conta paisagens e desenha verdades em detalhes. O remédio começou a fazer efeito. - Maldita pílula azul essa que me adormece os dedos.

Alice doía os orgão, doía a alma. Por que tanto medo? Já é a segunda vez em dois anos. Ela não aguentava mais essa tortura de amar, de gostar, de sentir por alguém, por ela.

Ela chorou até secar, mas não secou. Alice sempre soube que suas palavras, quando no papel, tornavam-se ouro. E que seus pensamentos e analises não passavam de um engano, um desvio de atenção. Ela anota tudo o que lhe prende os olhos, seja com desejos, músicas, letras ou fotos.

E acontece sempre o mesmo, outros corpos, muitos, e copos. Alice bebe todos os dias. Fuma escondida no banheiro um maço de cigarros, cortou os cabelos, deixou as unhas crescerem e virou agnóstica. Tornou-se incapaz de acreditar nela.

Não sabe mais se essa dor diminui, ou se é questão de costume. Talvez uma hora ela queira não querer. Alice deseja, sempre quando vê os horários repetidos, as saudades dela. - Eu quero ouvir as tuas saudades falando, entrando em mim de novo.

Alice comprou remédios pensando estar com uma doença rara, incurável, mortal. A cada vez que avistava, escrevia, recebia ou falava, parecia que o coração estava nas mãos, no pé. Aceleração cardiaca sem compasso certo. Tomando conta de cada veia azul daquele corpo branco. A alma saia pela cabeça. Foi ao médio, ele a mandou para casa. Erro médico! Impossível! E aquelas palpitações? Ela nomeou a doença com um símbolo matemático. A doença era paixão.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Eu pensei, e pensei, e acabei apenas nas besteiras. A última vez em que nos falamos estando juntas tu me disseste para eu ler um livro entediante para dar sono e eu não pensar nelas.

É tudo uma questão de falta, essa que eu tanto sinto e tu... nada. Todos dizem que pra ti era só sexo. Eu não consigo acreditar que seja. Eu não acho respostas. Eu faria o mesmo mas voltaria a ser a mesma depois. Então eu prefiro ser teimosa, desabafar, jogar um pouco desse mal, dessa incansável doçura em cima de ti.

Desde que me deixastes por um estranho eu voltei a fumar e até a beber desacompanhada. Passei três dias sem comer. Sabe-se lá como eu não morri. Não por isso, mas de decepção, de mágoa.

Aquele dia a minha tristeza berrou, gritou mandando minha felicidade ficar quieta. O caráter das pessoas é uma coisa surpreendente. Tens? Admira-me saber, ao menos cedo, que és tão fria. Mas sei que já deves ter passado pelo mesmo, se não pior. Fato que tinhas de ter aprendido, mas há os que preferem a vingança.

Desde o sábado passado eu estou linda. Uma beleza quase tão clássica quando a de E o Vento Levou. Clássica de ninfeta sem rumo, sem canto para cair. Com os olhos borrados e a boca seca. Seca de ti. O coração mastigado. Uma ninfeta, tão nova e estragada.

Eu tenho sentido tua falta em minha cama. De ficar de bruços, te olhando, até que tu resolvias entender minhas vontades.

Eu poderia dizer que o que faz falta são os carinhos, as horas perdidas ouvindo tu tocares para mim, as tuas brincadeiras insonsas que rias mais que qualquer um, dos momentos, dos beijos quentes que me arrancavam suspiros. Mas isso foi inexistente.

Eu poderia escrever mil dramas como já fiz tantas outras vezes... poderia fazer parecer bonito, um quase amor. Mas não o é.

Eu não me roía por dentro quando falavas das outras. E não sinto falta dos teus jeitos que nem me arrepiavam. Ou de quando fingias (e como fazes bem) estar preocupada comigo. E também, os nossos beijos nem eram bons, amor... nem eram.

Olha, eu não sentia borboletas no estômago enquanto esperava duas horas até te ver. Muito menos quando te via, nem vermelha eu ficava. E quer saber? Eu nunca me arrumei pra ti.

A única coisa que talvez faça falta é o sexo. Tão profundo, tão falado, tão duro e veloz. Da melhor forma que pode ser feito: sem amor. Quem sabe eu sinta falta disso. Mas sabe, não importa. Na esquina outra já me espera.

Hoje eu já não lembro mais do teu rosto e até ousei trocar teu nome. Hoje deve ter sido o dia mais feliz da minha vida.

Espero que tenhas lido tudo, de cima à baixo, e que cada palavra tenha passado reto, como água, sem tocar, sem importância.
Embora eu deseje, sei que não lerás.

Desejo, por hora, que saibas substituir bem as pessoas e os sentimentos. Que encontres alguém melhor em todos os aspectos. Talvez não que eu, mas que tu. E que essa pessoa não seja como eu e, sabendo lidar com sagitarianos, te prenda sem deixar fugir, perder.




Amor, talvez tu me conheças e agora, depois de tanta besteira, eu possa dizer que eu choro todas as noites e que essa carta têm as mentiras mais mal contadas que alguém pode escrever. E eu tento acreditar.

Eu jamais te amei. E obrigada por não viajar comigo, eu me encontrava na ponta de um abismo. Tres dias, tres passos e eu cairia para dentro de ti.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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O fato é de prestar atenção visto que, neste instante, o cinza tornou-se cor em meio a tantas outras, sem mistura. Igualou-se.
Uma cor que veio com o dom de não colorir, sendo tão bonita quanto às chamadas vivas. Não por ser morta, não por nada.
Ela tem cor, ao contrário do que dizem. O problema, o único problema é que só ela se acha importante o bastante. Só ela sabe do quão trabalhoso é sê-la. Apenas a própria sabe dizer que, dessa junção de tantas cores, fez-se nascer uma essência única. Não existe nem mais clara, ou mais escura, ou especial. É cinza, com um pouco de cada, tornando-se o mais completo e incompleto, por ser deixado vez ou outra de lado.

Bom dia, me chamo Cinza.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

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09/02/08
De tão doce, serviu como traição.