quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Novembro.

Novembro acabou e eu também. O tempo tem passado rápido demais, e eu ando cansando junto com ele. O caso é que passa, mas parece que não acaba nunca!
Por que dezembro não termina logo? E o ano.
Cansei desse infinito em pé.

domingo, 23 de novembro de 2008

Só cresce.

- Você me ligou ontem?
- Eu te liguei.
- Eu só lembrei hoje. O que nós falamos?
- Nada, você riu bastante e eu ficava tirando sarro porque você tava falando mole. Aí no final você disse: te amo. E eu respondi e você só riu.
- Eu ria do quê?
- Não sei, de tudo. Eu falei "ooi", e aí a gente ficou falando o tempo todo "oooi" e rindo.
- Hahaha.
- Aí você falava algumas coisas que eu não entendia porque você falava mole, e só.

Canção Para...

What if i leave?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tijolos de Goiaba

A televisão ficou ligada o dia inteiro. Estou ouvindo uma música que escolhi, mas que não ajuda em nada para escrever. Tem melodia demais. A televisão passou tudo o que tinha que passar. Não para mim, mas sim para os livros que ficaram no sofá. Onde eu estava? Não sei. Dormindo, talvez.
Eu estive por tanto tempo adormecida. É improvável que não percebam pelos meus olhos eternos de sono. Eu dormi por tempos indeterminados. Preciso mudar a música. Pronto, outro jeito.
Não sei o que acontece, me desculpa? Não tenho tido palavras pra dizer, escrever. Acho que gastei-as, esqueci-as. Talvez até as perdi por ai. Mas não, não anunciarei minha perda pelas paredes de supermercados, espero que quem as ache faça bom uso.
O fato é que tenho ciúmes delas, é um apego sem desapego. Estou dolorida por terem me abandonado. Quem dirá que elas também sofrem por pensarem terem sido abandonadas? Sinto-me só, pequeninas, e peço que voltem logo, loguinho. Com o vento, e com as plumas, e com as penas, e com a felicidade. Nem tristeza me faz tê-las de volta. Sempre que estive triste, elas vinham me visitar. Desta vez ousaram me deixar, apenas com os soluços.

Mas, olha... tão triste quando as palavras não serem mais reféns destes dedos, é não ter a presença de outra coisa, ou pessoa. Queira alguém nunca sentir-se assim, só.

Solidão, ainda bem que chegastes roubando minha solidão. Nunca fiz questão de saber o que me faltava, até que faltou. Agora, sempre que posso, abro os olhos e sinto esse vazio que deixas quando partes daqui. Da sala, do quarto, da cozinha. Quando teu reflexo não está atrás do meu no espelho das paredes verdes.
Sempre que não quero, sempre que não desejo, entrego uma parte minha, sem saber, à ti. Vez ou outra me questiono o quanto estou me colocando em tuas mãos. Mas não é de meu gosto, é só a natureza me fazendo vulnerável e fraca ao teu charme e a tua doçura, que vem derrubando cada tijolo, que não são feitos de goiaba, dos meus muros que eu demorei tanto pra solidificar, um a um.
Todos os dias eu sou salva. Não me espanta mais saber que não me salvo, mas que me salvas como super-qualquer-coisa que és. Como super-devoradora-de-tijolos-de-goiaba. Como super-adoçadora-de-corações-azedos. E me salvas apenas com tuas mãos, colocando-as em forma de concha, como se eu fosse muito pequena, e não tuas mãos muito grandes. E me pegas no ar enquanto eu caio, e me deixas no chão. E quando queres, por ingrata que sou, me jogas no ar de novo, apenas pra que eu sinta medo e dependencia, apenas pra que eu te peça socorro, aflita, com medo de me esborrachar em um chão duro, sem as tuas mãos.
Já não é segredo pra ninguém: eu te amo. Ninguém têm dúvida ou tenta ultrapassar isso. Ninguém, nem tu, acredita tanto nessa sede que eu sinto de ficar ao teu lado. De ser vista contigo e por ti. De andar de mãos dadas, de te guiar, de ser teu ombro, de ser teus olhos, de ter teu corpo e ser o teu amor. De me sentir segura ao apertar a tua mão.
Pelo tempo que vier, por um tempo que passou. A vida só foi vida após o dia 26. Dure o tempo que durar...

...a minha vida.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Meme

Ando com uma falta de tempo enorme. Queria pedir sinceras desculpas aos que me lêem. Logo eu volto.
Enquanto isso gostaria de agradecer ao Jósh, do blog palivres, por ter me dedicado o Meme dele e pelo elogio, fiquei até bobinha. Irei responder agora.

Regras:

Escrever uma lista com 8 coisas que sonhamos fazer antes de ir embora daqui/ Passar o meme para 8 pessoas/ Comentar no blog de quem lhe passou o meme/ Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da "intimação"/ Mencionar as regras.

1. Passar, urgentemente, no vestibular;
2. Ir embora para algum lugar futuramente;
3. Ser bem sucedida na minha profissão;
4. ...

5. Ter, além do trabalho, um tempo de lazer e muita felicidade;
6. Sempre ter palavras nas pontas dos dedos, da lingua e no coração;
7. Minha casa, meu canto, meu amor.
8. Ver o mundo melhorar.


Como disse o J.: "Desculpem-me, quanto a projetos de vida sou muito pretenciosa."

E bem, os indicados são (tcharam!):

Dona Suy, a qual eu acompanho o blog desde o ano passado e tenho um carinho enorme pelos poemas.

Para a Julia, que ficou de vir me buscar e até agora, nada.

Para uma mocinha da qual eu não sei o nome, mas que escreve textos ótimos e que eu me identifico.

E para a Lila, minha irmã perdida no mundo, que eu amo de amor eterno.

Os outros quatro... deixo em aberto. Um beijo!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

...

É só uma impressão muito grande de não chegar perto e ser alguém do passado. Um medo muito, muito grande de quando você fala que hajo e falo como criança. Uma aflição muito grande de não ser tão bonita, inteligente, descolada e parecida com os outros.
Não sei se é amor. Sei que amo você, mas não sei se isso que sinto, que me dá medo, é proveniente do amor. Porque se você me ama, se eu te amo, erros são banais e medos superficiais. Mas eles têm me consumido, vez ou outra penso que te perco a cada medo, principalmente quando os exponho.
Ando meio neurótica. Mentira, não sou neurótica. É só uma coisa que me consome e me faz comparar tudo, analisar tudo, pensar demais e até me faz deixar de ser assim, tão impulsiva ou expressiva ou espontânea quanto eu costumava ser. Mas eu não sei qual o sentido, qual o motivo.
Minha essência é tão estranha que se virasse aroma o botiquario criador de mim deveria misturar cítrico ao doce, ou amadeirado ao frutal, talvez todos juntos, numa coisa deveras enjoativa. E o meu gosto seria doce com salgado, mas nada de romeu e julieta, seria algo como água do mar com suco de amora. Essência é muito pessoal, não é? Essência é algo que poucos sentem, poucos compartilham, alguns a tem mas poucos dão o devido valor.
Não sei se você sabe, ou se pensa como eu, mas só se conhece uma pessoa realmente quando se ganha dela ao menos uma gota dos litros da essência cabível em um ser. Porque essência é um presente dado por alguém que se dispôs a entregar um pouco de sí.
Se pensas que olhar nos olhos é sinal de confiança, eu desviaria os meus de Deus. Ninguém me conhece realmente, ninguém conhece você. Ninguém conhece a sí até o dia em que parte, o último dia, onde não existe mais o que se andar, onde o que era infinito acabou e o destino cansou. Onde você chegou ao seu limite, e o seu limite é tudo aquilo que poderia acontecer. A última página do livro, o máximo que guardaram pra você, o prazo que deram pra que te conhecesses, pra te escreveres, te entenderes. O teu prazo de validade.
A essência de cada um é liberada aos poucos e a poucos. Alguns jamais liberam a ninguém. Outros nem a possuem. Ela é cara e não nasce pronta, vai-se adquirindo com o tempo, com costumes e com sentimentos. E perto de essência nenhuma beleza é digna, nenhuma palavra é justa, nenhum sentimento é dizível. Essência é toque, silêncio e cegueira. Tato e olfato interno. Cor sem visão. Essência só se enxerga no escuro, e o escuro é dolorido e demorado, portanto exige paciência.
O que peço à você é que tenha essa paciência. É que junte seu tempo. É que se dedique. Se há amor, seja do jeito que for, se há afabilidade, preencha-se também de paciência. Espere calmamente o momento de cada um. Nada não vale a pena, tudo tem um certo valor. Portanto, guarde cada pinguinho de essência que conseguires com muito cuidado, pois se te foram cedidas, é porque és muito, muito, muito especial.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

05°C

E ai agora eu estou aqui, assim, sentindo um frio, entende? Um frio absurdo! Um frio ensurdecedor. E você simplesmente não pensa que eu posso estar aqui, com esse frio meu e que só diz respeito à mim, porque você está coberta até a cabeça, em um lugar qualquer, com os pés e as mãos quentes, sem sentir esse frio que nada cobre, como se nenhum cobertor existisse e eu estivesse dentro de um freezer. Você não se importa com o que isso, a longo prazo, pode fazer. Uma hipotermia pode causar conseqüências irreversíveis. Eu tenho medo de me acostumar a sentir isso e começar a usar poucas roupas e não querer mais que ninguém me toque. Estou pensando que talvez seja melhor assim, mas mesmo pensando isso, mesmo tentando pensar que o frio é psicológico e que vai passar, meus dedos não esquentam.
Esse frio, eu sei que não sou a única a sentir. Milhares de pessoas agora sentem o mesmo que eu. Mas de que adianta duas pessoas com frio compartilhar o gelo? Enquanto isso todas as outras partes dormem quentinhas, umas ao som de qualquer coisa, outras com um silencio de roer unhas. Mas eu, eu não. E nenhuma parte quente dividiria as cobertas comigo. E mesmo se dividissem, a única que eu aceitaria é a sua. Mas ela é sua e você não é acostumada a dividi-la com os outros. Você se acostumou a ter seu tempo e não ter que dividi-lo com outras pessoas.
Às vezes eu tenho uma certeza muito, muito grande de que me esqueces. E sabe que às vezes eu te esqueço? De vez enquando, quando eu estou vendo a novela ou assistindo a aula de História, eu esqueço de ti por alguns segundos, mas volto a lembrar. Só que eu penso e lembro, pensando que sou esquecida. Porque eu sei que tens mais coisas no que pensar, enquanto eu só tenho pensado em estudar matérias de colegial. É por isso, sei que é por isso que penso mais em ti do que o contrário.
E essa carência? Esse frio é culpa da carência? Tem quem morra por carência a alguma coisa. Vitaminas, proteínas e todas as inas do mundo. Eu posso morrer disso? E é insubsituível! Tentei pedir que alguém me fizesse carinho, ela cansou as mãos e não adiantou.
E enquanto eu não durmo com esse frio, essa carência e esse silêncio que só ouço as teclas do computador, você dorme em algum lugar pouco confortável e sem o meu corpo. Achas mesmo que consegues ter bons sonhos longe de mim?

Olha, eu estou tentando com todas as minhas forças me esquentar mas, na verdade, eu não quero. Não quero me esquentar sozinha. Não quero conseguir ficar bem sem você. Eu só queria um amor, agora, na cama, debaixo das cobertas. Só queria encostar meus pés gelados nos seus, e deitar a cabeça no teu colo até pegar no sono. Eu só queria que você estivesse sentindo o meu frio e a minha falta.

(as repetições foram propositais. não respeitei as regras)

domingo, 14 de setembro de 2008

...

Solucei até não conseguir mais respirar. Besteira quem pensar que eu bebi. Quem dera essa água tivesse gosto de álcool e não de sal.

Sobre um Domingo Eterno

Pelas milhares de vezes que sonho e depois desejo, sem saber o que fazer, que nada se realize. Por esses meses tenho gostado tanto da vida, que não preciso que o que não é real concretize.
Tenho querido viver por mim e por ti. Mesmo distante, mesmo com tantas dúvidas e conselhos de coração, não tenho mais essa vontade de desistir do que fez meus dias melhores e as janelas da minha alma mais limpa. Eu tenho visto o tempo menos amarelado.
Não deixaria de morrer de amor por você. Morreria em suspiros, em pequenas doses, com veneno, com vidro, com dor.
Eu te amo, e tem sido tão difícil! É estranho não acordar com ela, mas mesmo assim sentir o perfume pelo quarto e pelos cantos. Acaba sendo gostosa essa sensação de morte por um mês e de nova vida por dois dias. Eu te amo tanto, mas te amar me dói.
É como um corte. Você sai, encontra os amigos, olha pra um lado, olha pro outro e olha pro dedo. Vê aquele anel, aquele nome e pensa: o que eu tô fazendo nesse vazio? É exatamente assim que acontece. E é exatamente isso que me faz ter vontade ficar em casa e poder conversar por horas sem ninguém atrapalhando, com vontade beijar a tela do computador, com vontade me enviar por e-mail, com vontade.
Esperei e esperar machuca. Qualquer palavra vinda de quem se admira, de quem se ama, tem o poder de uma navalha vezes quatro. Não uma navalha com um corte fatal... mas uma que sangre e que demore a cicatrizar.
Não sei dos teus dias, não sei o que fazes, só imagino e acredito no que me falas. Somes, desapareces e depois me explicas que não foi nada demais. Eu engulo o dormonid, o ciúmes e a água, e tudo desce fazendo efeito. O que acontece é que a minha possessão não tem passado nem com o sono, nem com calmante, nem com leitura. Tudo agrava e eu te vejo nas personagens. A única que poderia tornar tudo menos barulhento, mora quase em Singapura.
Tenho tido vontade de matar meus sonhos, engolir teu passado e começar hoje, do zero. Sem ninguém na lembrança, sem medo, sem briga. Eu queria significar muito, mas é puro egocentrismo.
O problema é que eu te amo muito, e amar tem me doído tanto que eu...

sábado, 6 de setembro de 2008

/

Sempre que maio chegar, a cicatriz vai berrar pedindo que algo a cure, mas a cura não é mais possível. Nos meses de junho, alguém vai lembrar de quando o coração caiu em sí, vendo que existia mais alguém querendo entrar. Em julho vai recordar o primeiro beijo. Em agosto a primeira visita.

Setembro o inferno-astral teima em visitar alguns, meu caso. Eu ando choramingando, pedindo algo pra me ocupar, pra que o tempo passe rápido. Na falta disso, eu faço besteiras. Fevereiro é o mês do desamor, setembro é o mês do desespero. Hoje faz um ano de um tempo, e algumas horas de outro. Desgraças têm datas pra aconterecem.

Ela me olhava com aqueles olhos de despedida, de alguém que sempre dizia adeus, aos poucos. E nas palavras, na forma de falar, deixava claro isso. Mas eu não quis ouvir nem ver. E, covarde que eu sou, parto. Que coragem eu teria em não deixa-la partir? Como eu poderia fazer isso?

Eu a amo, tanto, tanto, que cada parte de mim está comprimida, amassada. Meu rascunho de vida sentimental acabou de ser rasgado. Sentirei falta.


Espero-te.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Que

Houveram dias em que parei em algum café, pedindo calma, pedindo o caminho. Mas acabei pagando no final, por um café pequeno. Sempre estive sozinha nestes momentos, então ficava quieta, e me afogava naquele líquido forte e negro, sem açucar, que não sustentava todas as minhas decepções, que nunca me serviu de pilar pra nada e que, às vezes, tinha gosto de água.
A idéia do amargo não me assusta. Acostumei-me com ele porque assim a vida parece doce e tenho coragem pra enfrentar as coisa. Desde muito nova eu me vejo com problemas, e é de cedo que engulo-os à seco.
Não tenho muito sobre o que reclamar. Sinto-me extremamente carente e jogada no mundo - o que não é total mentira, quando o drama é meu. Sem eira nem beira. Sem ombro, sem entendimento, sem amor. Mas não me vejo como uma mal amada. Não me tenho como única no mundo. Sei que entre uma janela e outra, existem algumas Isadoras e Marinas, como eu, que escrevem e ouvem músicas, ou que cantam no chuveiro para deixar que a dor seja deglutida pelo ralo. Junto com a delas, meus fios de cabelo.
Jamais desejei muita coisa, e há pouco me vejo de mãos dadas com alguém. Mas alguém tão distante, que talvez não se importe com as entrelinhas. Que talvez pense muito no agora. Que talvez me veja pequena. Que talvez.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

/

Foi exatamente assim: eu não pedi, eu não esperava e eu não queria.
É como alguns dizem: a pessoa certa não existe. Porém, a minha pessoa errada resolveu aparecer e, ok, com muitos erros que antes eu julgaria inadmissíveis e hoje acho até fofo (a não ser um).

Não, não digo que ser errada é ser torta, burra e imperfeita. Pelo contrário, ela é o meu número. E tem mania de me mandar calar a boca a cada dez palavras, alguém no mundo deve entender o que é isso, pra depois me chama de amor.

É estranho o poder que ela tem de colocar o meu mundo abaixo, bagunçar todos os cômodos, sair como quem "não queria nada mesmo" e depois voltar e colocar tudo no devido lugar. É pateticamente incrível o fato de ela ter se infiltrado nos meus planos e já estar sentada no sofá da nossa casa, com os nossos gatos e, daqui uns dez anos, a nossa futura filha. Sim, porque ela é descontrolada e quer tres, enquanto eu apenas uma, e menina.

O que me irrita é que ela fez as coisas do jeito mais errado. Tudo o que não deveria fazer, ela fez. Foi a primeira a dizer que estava apaixonada, elogiou o que não é elogiável, me chamou de idiota nó mínimo umas 100 vezes no último mes e quis se afastar mais umas 20. Além de guardar segredinhos que não deveriam ser guardados e me contar só após me ter totalmente caída aos pés. Apesar dos apesares, ela é espertinha.

Eu não gosto de drogas. Amor pode ser considerado uma e, céus!, eu estou apaixonada por essa mulher, completamente viciada e em abstinencia dela, por cada qualidade e por cada defeito que as encobre. Por cada toque que eu não tive, por cada sussurro, por cada gemido e por cada bom dia que eu ainda não recebi. Eu estou excessivamente vulnerável a qualquer tentativa de aproximação e permanência. Eu poderia dizer com todas as letras e com toda a convicção, se me fosse possível e se essa liberdade me for dada, que ela é a mulher da minha vida, porque ela, e só ela, me consegue arrancar suspiros sem ter que mover um dedo.

Nunca tive mania de jogos. Todos que puderam existir, eu abandonei. Do amor não se rouba nada. Não se tira dor, não se coleciona lágrimas nem se destina à alguém que sabemos quem é. Ele simplesmente vem, em um dia de maio, te chama de "difícil", depois te passa o número e, pronto. Do amor, só se furta a cor.



E sim, eu me vejo bem covarde às vezes.

sábado, 14 de junho de 2008

Idiota.

Março - É tarde, já passam das seis e eu ainda te espero. Combinamos que seria às duas. Tu não chegaste. Tu esqueceste. Estavas fora. Fora de ti.
Parece-me que se passaram anos, meses, semanas e quatro horas foram insignificantes perto desse tempo todo. Tu não ligaste pra perguntar como eu fiquei, se consegui voltar para casa, se não me perdi pela cidade. Eu não conhecia o lugar, era como o teu corpo em um primeiro encontro. Como as minhas reações e a falta de saber o que fazer com as mãos.
Depois desse trajeto eu me levantei, sozinha. Não procuro saber de ti, nem te encontrar pela rua. Se acontecer e, por acaso ou destino, te ver com alguém ao teu lado, nenhum amor vai passar.

Abril - Nenhum sinal. Tu só perguntas o que te interessa. Nem respondes nada. Não queres saber de mim.
Mas sabe? Eu estive por aí encontrando e conhecendo algumas pessoas, porém a minha entrega sempre era encomendada, nada espontâneo, nada como o dia 28. E, pensando bem, não lembro ao certo se foi dia 28.

Maio - O mês vazio. Esquece. Apenas no final que me surge uma luz. No começo eu vi os olhos de alguém que não me quer com querer saudável. E sim, existe o doentio, o querer por querer, pra provar que o que parece impossível, é tão possível quanto qualquer coisa. Eu estava caindo mas ela me salvou.
Ela que não é mais uma, quem sabe? Ela que não pensa só. Que tem o meu signo preferido, um nome doce, me chama e me xinga e me liga pela madrugada, embreagada, me falando coisas doces, coisas que eu não sei interpretar, absover, ou julgar ser verdadeiro ou não. Mas as de novembro e dezembro não costumam mentir.

Junho - Eu estou apaixonada. E é só dia 14.

terça-feira, 3 de junho de 2008

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O dia havia de chegar. O dia em que eu deixaria de ser a personagem, sairia das palavras, das letras, do papel. O dia em que todas essas mulheres, essas meninas, essas ninfetas colegiais resolveriam sair daqui e tomar espaço, e conquistar corações, e sofrer amores impossíveis, e viver a não-vida que é essa coisa de sobrevivencia. Mas não chegou.

Contrariando o costume dos outros anos, neste, maio foi o mês ao qual Olívia não se dedicou. Amou pouco, desejou pouco, leu pouco, escreveu pouco e, por conseqüência: viveu pouco. E esse não viver não fez falta. Talvez um pouco a frente ela sinta o arrependimento de ter perdido ele, de deixar a vida passar, de olhar pela janela como se tudo fosse nada. Como se isso, esse corpo, esse nome que lhe deram fosse o que bastasse.

Também por conseqüência talvez ela esteja mais intensa em junho, em julho... os pares são um desastre na vida de Olívia. Esse ano é par. E números pares, para ela, são como pares na vida. Olívia não é par de ninguém, nunca foi. Nem mesmo nas festas juninas, ou nas apresentações de final de ano. Olívia sempre era ímpar ou tinha que dividir o "par" com mais uma, o que os tornavam um trio, de TRES.

Ela a deixou. Isso é um absurdo! Mais uma vez alguém a deixou, mas dessa vez foi ela, aquela que jamais a deixaria. Aquela que disse que não era efêmero. E a deixou assim, pior que qualquer outro animal que não pode falar, ela a abandonou com a boca colada e o coração aos cacos. Nem a procurar ela pode. Nem lhe falar o que sente. Nem lhe pedir um colo. Nem deixar claro que sentiu, que não era só isso, que havia mais, que ela estava disposta, que poderiam ir além. Ela não deixou nada disso, mas deixou-a.

Pamela havia acendido todas as luzes, uma por uma, pra depois corta-las de uma só vez e deixa-la no escuro como se, por falta de algo, como o pagamento de uma conta, como a liberdade, como a pouca dependecia dos pais ainda existente, fizesse com que tudo pudesse ser jogado por água abaixo. E por isso ela deixou Olívia no escuro por exatos tres meses.

Cortem-lhe a cabeça!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Estes Quereres

Laura ligou. Disse que esteve com a gata, a mesma que me arranhou deixando marcas até hoje. Disse que a viu arranhar outra antes de mim. Eu não quero me importar com o antes, mas o depois me machuca.

Não sei quanto tempo essas cicatrizes ficam. Não saíram ainda nem do estágio de sangue. Sangra todos os dias, suja os lençóis, as camisetas e meu corpo. Acostumei-me a ver o vermelho escorrer debaixo d'água. Não dou conta de fazer curativos.

A gata tem aparecido. Não liga, não avisa, nem manda carta antes. Só aparece, vez ou outra, cantando. Não sei quando é pra mim ou se só canta por cantar. O problema é que não consigo cansar de tanto mistério.

Passou um tempo desde a última canção, a que dizia que pertenciamos uma à outra, que mesmo com tantos no mundo dispostos a nos machucar, nós seriamos, no fim, uma da outra. Passou tanto tempo e, com ele, ela também passou.

Ela foi e meus desvios me fizeram andar por outros caminhos. Olhos, olhos. Estes olhos que me engolem sem querer. E agora sou eu quem canta o que me foi cantado. E agora sou eu quem quer o que me foi negado, e dar o que não deram à ela. Porque eu sou sua Ofélia, amor. Porque eu sou seu caminho e é à mim que tens que deixar louca. Porque eu também sou menina pequena e também me perderia em ti. E porque, acima de tudo, eu hei de não escutar quem me diz que tu não me queres.

Me contaram da tua mudança, amor. Por que estás partindo de mim? É tão cedo, não tem motivo. Fica, me leva, foge pra sempre... comigo. Não de mim!

O teu beijo costumava ser amargo em outras épocas. Hoje, se doce for, enveneno-me. Não que eu goste de doce, mas a tua doçura é o mal que eu quero morder. E então me queres, mesmo quando dizes que não falas. E mesmo me queres quando eu penso que não te quero. Sempre que falamos que não é nada, é por medo de envolvimento porque, tu dissestes, amor... almas gêmeas são tão contrárias que uma precisa achar a outra pra se sentir completa. Nós somos contrárias em muitas coisas, só não no sofrimento. Mas eu sou única, tanto que nem existe uma alma perdida pra minha. E nós não estamos procurando almas mesmo.

Se em um dia frio me vires e, por vontade, me quiseres deixar com os lábios mais rosados, não te acanhes em roubar um beijo e sair andando como se nada fosse nada. Foi assim da primeira vez. Eu não estranharia uma segunda. Se por acaso quiseres acordar com as mão grudadas nas minhas, não hesite em pedir, o teu desejo alto é meu silêncio.

Agora, quando resolveres me pagar o que deves, com juros, e sentares ao meu lado, e me beijares, e me pegares a mão, e assistir aos filmes que te falei, e em meio a alguma cena eu balbuciar a fala e tu me perguntares o que eu falei, saiba que era tudo o que eu gostaria de dizer pra ti.

Embora existam todas estas arianas que tu tanto queres combinar com teu signo, e essas outras que se declaram sem juízo algum, eu aguardo a tua ferida cicatrizar, como eu tenho feito com a minha. Mas pra isso, amor, tu precisas de cuidados, que só podem ser dados de maneira certa e por mim.

E se tu fosses minha, eu te daria agora todas as minhas senhas, as minhas chaves, e te deixaria entrar conforme tu quisesses, nos cômodos que quisesses. Mas tu te negas, tu te proíbes e arranjas farpas para que tudo se torne impossível.

Depois de tudo passado, depois da ferida curada... só vai doer se a gente esquecer da gente, uma da outra. Ou se apenas uma esquecer.

Boa noite, doce. Durma com as flores e sonhe com os amores.

terça-feira, 22 de abril de 2008

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Não tive noção de espaço. Preocupei-me tanto em preencher, que exagerei. Hoje estou cheia, porém continuo sentindo um vácuo...

Ocupei-me com nada?

sábado, 19 de abril de 2008

Naomi

O vento mudou de direção. Há muitas noites que venho te procurando com as mãos quando já deitada na cama. Procuro-te cega, na escuridão do quarto, mas só encontro a gata dormindo com as patas cruzadas.

Ofereceste-me uma ausência. Não aceitei, acostumei-me.

Em quatro meses estarás com outras, na cama com outra, nos olhos de outra, nas palavras de outra, cantarolando para outras. Quatro porque dois já foram. Não lembrarás do tom da minha voz, nem que eu vestia cinza no dia, nos dois primeiros.

Daqui a quatro anos não saberás por onde tenho andado, nem te esforçarás em perguntar aos milhares de amigos em comum: como ela está? Ainda lê? Tornou-se filósofa?
Em quatro anos eu não escreverei pra ti, não te procurarei e nem balbuciarei teu nome no vão da noite.

Não dou espaço para dúvidas ou incertezas. Sinto frio. Um frio que se alojou em minhas pálpebras. Um frio que me nega calor. Ao menos um dia estive apaixonada.
Sei.
Não, não sabem! Ninguém sabe.

Poderia ter aceitado o que a vida me deu. Eu poderia ter sido feliz. Poderia. Sugestivo. E se...
Não, ela não estaria lá e quando ela não está eu me perco no vazio, meu ego ecoa e eu posso ficar surda de razões.

É mais um adeus? É. Por que me perguntas ou por que me pergunto se sei das respostas cada detalhe?

Não me percas jamais. Jamais porque "nunca" é uma palavra muito forte.
Não te perco... nunca!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ao Sucinto Amor de Ontem.

Ana,

isso que te escrevo é sobre desejo. Não desejos carnais, não os meus desejos de ti, mas sim para ti. Quero que a cada final de mês tu olhes para trás e ria dos trinta dias passados. Que aprendas com cada momento, que desfrutes e tires a essência de cada pessoa que por ti passar.

Não que nós não tenhamos sido, nós fomos. Cada uma do seu jeito. Tu fostes do teu, tu me quisestes do jeito que quisestes. Mas eu continuei.
Não é que eu não te entenda, nem que eu não queira ficar contigo, mas nós somos duas, talvez duas inteiras, por enquanto. Já falei sobre isso contigo, tu sabes que eu tenho, de novo, que esperar ser metade. Nós fizemos um pacto, mas tu não cumpristes.

Poderei eu, daqui um tempo, procurar teu rosto por aí e te ver em cada avesso das pessoas. Mostra-te, mostra tudo o que queres e ampara isso que eu deixei. E então todas as cidades irão guardar as nossas imagens não feitas. E todos os países não nos terão como tanto almejaram, assim como eu não quis, assim como eu poderia me culpar por ser frígida com sentimentos.

Desejo que tenhas onde te abrigar enquanto chove. Tu não deves te esquecer que os amigos são portos e que tu não precisas ser forte sempre, em qualquer assunto. Essas mentirinhas não levam à lugar algum, a não ser a perda de destino. Tu não saberás mais em que acreditar, o que é verdade ou delírio.

Eu te desejo um lugar quente enquanto faz frio lá fora para que tu não congeles. E borboletas no estômago enquanto a primavera traz novas flores. E alguém que te dê um colo e cobertas quando o outono vier. E, depois, te desejo o sol e os passarinhos para que tragam música ao teu coração.

Seria uma escolha, eu preferi acordar. Mas eu quero que saibas que da mesma forma que um lápis deixa marcas em folhas brancas mal apagadas, tu me marcasse. E tu vais permanecer aqui dentro até as próximas vezes em que nos abraçarmos.

Se quiseres, podes ouvir os outros quando disserem que sou perda de tempo. Eu só quero dizer que eu desejo que tu encontres o que procuras e que te mantenhas quente e doce, como mel, sempre.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Desabafo.

Se cada um cuidasse da sua vida e do que é seu, as coisas seriam melhores e não escapariam com tanta facilidade.
Quanto à mim, posso dizer que se eu quiser me prender, será por vontade própria. Se tentarem contra ela, eu fujo.
E além de tudo e mais um pouco, deveriam olhar para o próprio umbigo, hipócritas.
Besos.



sexta-feira, 11 de abril de 2008

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Eleonora,

estou apavorada. Não havia acontecido antes. Ainda não sei o que é, sei que quando te vejo me vem uma vontade imensa de tirar minhas vestes e deitar-me de bruços em teu colo, te olhando, em um quarto vazio, coberto por cortinas e paredes brancas, sem luz, só a que entra pela varanda, a nossa varanda, cheia de vasos e gatos.

Estou te escrevendo porque prefiro te avisar agora, antes que a situação se agrave e eu consiga fazer de mais um coração, inverno. Prefiro que saibas, desde já, que eu não sou, nem nunca fui, tudo o que alguém pensou ou quis pra sí. Esse gelo externo vem de dentro. Essa má vontade no amor.

Mas, Eleonora, eu quero que sintas o agora. Que entendas e lembres que desde que te vi, eu te desejei. Que os meus beijos foram dados com a maior intensidade. E que nos momentos em que estive ao teu lado, eu não precisei te tocar pra sentir alguma coisa, eu passaria horas só olhando.
Que as tuas dúvidas quanto ao que eu penso, são as minhas respostas de sim pra ti. Que eu jamais ficaria brava após te adoçar a boca e que se fico calada de uma hora pra outra, é porque eu não preciso de palavras pra que me entendas.

Eu não estou tentando decifrar, nem faço questão, não é o momento. Ao mesmo tempo que penso assim, queria saber detalhes do que se passa em mim. Em ti eu não sei, vez ou outra tenho medo de saber, e curiosidade. Estraguei-me tanto, tu não és estragada.

Eleonora, sabes me dizer o que é isso? Não sou boa em nomear sentimentos, nem com precipitações. Sabes? Às vezes eu penso que é só mais um tombo, um devaneio. Uma vinda que logo vai. Isso me dá medo, não por mim, estou acostumada.

Entendes de signos? Sabes que minha lua é em gêmeos? E sabes que a lua fala sobre sentimentos? Eu sou inconstante, Eleonora, e a nossa vida corre risco. A nossa vida que é feita de afabilidade. Porque não se vive sem isso, não é vida, é sobrevida.

Te conheço tão pouco, Eleonora e no entanto já fazes parte de mim. Tu realmente me queres? Por inteiro? Às vezes eu tenho dúvidas. Medo das minhas reações. Medo das intenções, de não levar à sério, de deixar passar a coisa mais linda da vida por um simples receio de gostar.

Sou um animal! Tu bem sabes, tu não és tansa. Percebes por tudo o que aconteceu antes. Eu sou arisca, quanto mais te aproximas, mais eu me afasto, mas eu não estou conseguindo tão facilmente agora, isso é algum problema? Estou enlouquecendo, querida, não consigo derreter essa bola de neve que se fez na porta da minha alma, não consigo derreter essa frieza que me faz.

Eu espero que isso dure o momento que tenha que durar, pois estou cansada dessa minha impulsividade que me toma a calma e me faz desistir de mim, de tudo. Eu não posso agora. Tudo tem que ser perfeito. Nós somos perfeitas, não teria porquê. Espero que eu não fuja mais uma vez. Quero me acolher, como felina, em um coração só. Um coração de mimos. Mas sou virginiana e tudo tem que ser completo aos meus olhos. Eu espero que permaneça toda essa vontade.

Te peço desculpa desde agora se eu errar em algum momento.
Quero-te, pequena.

Violet.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Meu canto imita a pronúncia do meu nome.

Do contrário do que falam e pensam, sou uma moça bem comportada. Com defeitos de pouco efeito.
Nunca guardei muita coisa, tenho uma tagarela por dentro, vez ou outra sou quatro.
Não consigo falar em uma, tenho que falar em todas. E não guardo os soluços comigo, todos os desamores são bem sofridos.
Sou de épocas, estações. Dia floresço, dia morro, dia queimo de calor e outros de frio.
Tenho as mãos geladas, os pés que demoram a esquentar, mas por dentro sou lareira.
Não estou para os que lêem e decifram. Não estou nem para o telefone, nem para quem adivinha finais de livros. Gosto de descobrir, raras as vezes tenho até paciência.
Meu sorriso é safado, mas não promíscuo. E quando eu gesticulo com a mão é pra desviar a atenção dos meus olhos.
Quando falo alto, falo rápido. Prefiro as falas quietas, pausadas, firmes e até doces.
As palavras são extremos, ou vivem o meu inverno, ou meu verão. Quase tudo é oito ou oitenta, e quando eu digo quase, tem que prestar atenção.
Não gosto de metades, só quando eu as completo. Quero inteiro, o inteiro de tudo. Desde a dor, até o amor. Quero poder usufruir com gosto de cada parte, como se fosse minha.
Não sou nojenta. Adoro corações com bolor, alguns trago para casa e cuido até que sarem.
Eu sinto saudades antes de partir, acredito em suspiros eternos com ênfase maior que qualquer frase, tenho soluços altos e costumo gargalhar enquanto acontecem, e prefiro pessoas doídas às vazias.
Minha mãe poderia ter me dado vinte nomes que eu os aproveitaria igual. A cada pessoa que conhecesse, me faria um nome diferente. E mesmo com toda a confusão, não perderia o foco. Saberia quando estivessem chamando.
Costumo fazer meu riso mais marcante que meu choro. Quando sorrio, o faço alto. Quando choro, escondo-me.
Sou mais branca que uma vela e, vez ou outra fecho os olhos e camuflo-me entre as paredes, para que ninguém me encontre.
Tenho uma preguiça que me finda, mas quero viver, e não ver a vida passar na janela.



Sofrer:

s. m., Ornit., Brasil,
Pássaro amarelo de cabeça, cauda e asas pretas e cujo canto imita a pronúncia do seu nome.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Carmin nos pés, framboesas nas mãos.

Quando chegou da aula, Adélia, que não é acostumada com certas coisas, encontrou na caixa de correio uma carta. Não havia remetente ou coisa qualquer nela, apenas o nome do destinatário.

28/03/08

Querida Adélia,
a vida tem sido justa demais comigo. Tudo tem um ar melancólico, de nostalgia. Ao mesmo tempo tudo é amargo.
Não só isso, Adélia. Ela tem sido injusta contigo. Não só por teres me perdido, por me deixares assim, solta. Mas também por pensares que o mundo vai sempre te pegar com as duas mãos sem nunca te deixar cair. Isso é ilusão.

Embora sofrendo e sem chão, eu cheguei ao meu limite para que notasses tamanha perda. Esforço em vão, pequena, tu me jogaste fora. Talvez não lembres com o passar do tempo de tão eterno que foi. Sabe-se lá se sentes saudades, ou se virás a senti-las. O fato é que isso não é contemporâneo, Adélia... estavamos já em outras vidas.

Se soubesses antes que eu contava teus dias pelos meus, te assustarias? Eu sabia exatamente quando as tuas cólicas acabavam, porque as minhas começavam. Hoje não sei porque isso entre duas é sinal de convivência. Vês? Que louca faria isso? Que louca te aguentaria até nos dias chatos? Sabes que sou rara. Sabes que sou aquela bela, a alegria para qualquer época de Oscar Wilde.

Cada acontecimento parece um sinal. As filhas das minhas amigas, todas têm o teu nome. Atendentes, colegas, desconhecidas ao se apresentarem, falam teu nome, Adélia. Qualquer corte no dedo basta pra que eu lembre da tua manha interminável que durou um só dia. Eu adorei te mimar. Qualquer briguinha me faz ter saudades dos sermões "montanhas" e cheios de razão. Eu sinto falta dos teus fios brancos e precoces jogados em meus seios.
Poderiamos estar aqui em casa, dormindo juntas. As coisas mudaram nos últimos meses. Faz dois, mais ou menos. Hoje seriam quatro se não fosse tão superficial.

Quero teu cheiro de volta. Eu não sei de onde vinha, não era marcante, mas era teu. Não deves mais ter o mesmo. Aquele era de menina, quase mulher, um moleque, doce, séria, minha eterna. Agora que estragas corações, que não te importas deves ter o corpo quente, um gosto amargo e um cheiro de lugar barato.

Beijos,

Isolda.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Para o amor que não veio.

Ela chegou em casa após horas e horas de trabalho. Havia guardado tudo em si, sem demonstrar. Dalila era tão intensa que não demonstrava nada. Talvez por isso, por guardar tão bem, ela era por inteira afável, era amor.

Chegando, tirou a roupa, tomou banho e, ainda nua, com todas as gotas mal secas, atirou-se na cama de lençóis branquinhos que a camuflavam e chorou até não ter o que molhar. A casa estava alagada daquela água que era dela.

Durante três dias e três noites ela pensou que iria morrer. Durante três longas semanas, Dalila foi zumbi. O que não era tão mal, pois zumbis não amam.

Fevereiro mais uma vez era o mês dos desamores, era costume, acontecia todo ano. Dalila, com 26 anos, ainda não havia aprendido isso. A cada desilusão ela precisava mudar de casa. A cada uma desilusão ela mudava a cor dos cabelos, mas não adiantava, tudo continuava igual.

Sabendo que vive em um mundo de efêmeros, que já diria alguém, "onde eles andam?", ela ainda buscava o eterno. Mas o eterno era ela.

Mesmo que o romantismo tenha sido deixado de lado, mesmo que as cartas de amor tenham passado a ser bregas, mesmo que se declarar tenha vindo a ser motivo de risos, mesmo que se gabem em cima dos sentimentos alheios, todas as manhãs Dalila acordava e, arrumando-se, pensava vestir vermelho para encontrar o amor. Na esquina, no café, na livraria. Esperava flores secretas, cantos e qualquer coisa que não viesse assinado, para depois ser descoberto.

Dalila havia sido partita. E de que adiantava eu dizer para ela que a paixão dura de dois meses a dois anos? E de que adianta colocar prazo de validade em sentimentos? Ela, melhor que eu, melhor que ninguém, sabia que não é verdade. A ilusão!

Ela pensou que passaria o dia dos namorados com alguém. Mas o dia dos namorados não é pra isso. Não para ela que passa todos os anos lendo livros e decorando frases, como se fosse um dia qualquer, um primeiro de abril dos que gostam, dia da mentira para os que amam um dia. Dia em que todos os casais, que daqui a um ano estarão se odiando, saem para comemorar juntos um amor que não existe.

Desde que foi banalizado, que os que pegam e não se apegam nasceram, Dalila viu o mundo com olhos de ódio, olhos tristes de desesperança. As pessoas reclamam das pessoas. Dizem que não há ninguém, mas não existe um esforço para melhorar. Elas cometem os mesmo erros que julgam. Ela só queria alguém que pudesse entender isso, que gostasse de astrologia e que, mesmo assim, não acreditasse que fogo e água sejam opostos.

Descobrir a traição, relevar a traição e mesmo assim a indiferença aparece. - Ninguém é capaz de me amar, não tanto quanto eu. Não tanto quanto eu me amo. - Desde criança, quando ainda haviam fios claros nos cabelos, Dalila buscava o amor nas brincadeiras. Tudo tinha final feliz. Ela cresceu sendo a mulher mais linda do mundo aos seus olhos. Mas em fevereiro sempre a pisam, sempre derrubam seu ego.

Os relacionamentos para ela têm prazo também. Dois meses, assinando o contrato, e não se fala mais nisso. E não adianta tentar.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Alice parou por horas em frente ao espelho segurando a lista de defeitos que haviam citado sobre quem gostava. Nela dizia: ela sempre foi eremira, reclusa, velha, chata, ranzinza. Logo após isso veio a pergunta dos dedos dela: viu, quem iria se interessar por alguém assim? Alice teve a vontade de berrar para o mundo inteiro: Eu! Eu dou a vida por alguém assim.

Em decadência!, o estado era decadente. Duas noites seguidas e ela lá, novamente precisando de um dormonid, que fosse, para buscar o sono. O sono que se perdeu sabe-se lá desde quando, ou aonde. Buscando motivos pra falta. Ela tinha noção de que aquela insônia tinha nome, sobrenome e endereço.

Agora, dopada, Alice pega papéis e mais papéis e sem ter a mínima noção do que escrever, ela conta paisagens e desenha verdades em detalhes. O remédio começou a fazer efeito. - Maldita pílula azul essa que me adormece os dedos.

Alice doía os orgão, doía a alma. Por que tanto medo? Já é a segunda vez em dois anos. Ela não aguentava mais essa tortura de amar, de gostar, de sentir por alguém, por ela.

Ela chorou até secar, mas não secou. Alice sempre soube que suas palavras, quando no papel, tornavam-se ouro. E que seus pensamentos e analises não passavam de um engano, um desvio de atenção. Ela anota tudo o que lhe prende os olhos, seja com desejos, músicas, letras ou fotos.

E acontece sempre o mesmo, outros corpos, muitos, e copos. Alice bebe todos os dias. Fuma escondida no banheiro um maço de cigarros, cortou os cabelos, deixou as unhas crescerem e virou agnóstica. Tornou-se incapaz de acreditar nela.

Não sabe mais se essa dor diminui, ou se é questão de costume. Talvez uma hora ela queira não querer. Alice deseja, sempre quando vê os horários repetidos, as saudades dela. - Eu quero ouvir as tuas saudades falando, entrando em mim de novo.

Alice comprou remédios pensando estar com uma doença rara, incurável, mortal. A cada vez que avistava, escrevia, recebia ou falava, parecia que o coração estava nas mãos, no pé. Aceleração cardiaca sem compasso certo. Tomando conta de cada veia azul daquele corpo branco. A alma saia pela cabeça. Foi ao médio, ele a mandou para casa. Erro médico! Impossível! E aquelas palpitações? Ela nomeou a doença com um símbolo matemático. A doença era paixão.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Eu pensei, e pensei, e acabei apenas nas besteiras. A última vez em que nos falamos estando juntas tu me disseste para eu ler um livro entediante para dar sono e eu não pensar nelas.

É tudo uma questão de falta, essa que eu tanto sinto e tu... nada. Todos dizem que pra ti era só sexo. Eu não consigo acreditar que seja. Eu não acho respostas. Eu faria o mesmo mas voltaria a ser a mesma depois. Então eu prefiro ser teimosa, desabafar, jogar um pouco desse mal, dessa incansável doçura em cima de ti.

Desde que me deixastes por um estranho eu voltei a fumar e até a beber desacompanhada. Passei três dias sem comer. Sabe-se lá como eu não morri. Não por isso, mas de decepção, de mágoa.

Aquele dia a minha tristeza berrou, gritou mandando minha felicidade ficar quieta. O caráter das pessoas é uma coisa surpreendente. Tens? Admira-me saber, ao menos cedo, que és tão fria. Mas sei que já deves ter passado pelo mesmo, se não pior. Fato que tinhas de ter aprendido, mas há os que preferem a vingança.

Desde o sábado passado eu estou linda. Uma beleza quase tão clássica quando a de E o Vento Levou. Clássica de ninfeta sem rumo, sem canto para cair. Com os olhos borrados e a boca seca. Seca de ti. O coração mastigado. Uma ninfeta, tão nova e estragada.

Eu tenho sentido tua falta em minha cama. De ficar de bruços, te olhando, até que tu resolvias entender minhas vontades.

Eu poderia dizer que o que faz falta são os carinhos, as horas perdidas ouvindo tu tocares para mim, as tuas brincadeiras insonsas que rias mais que qualquer um, dos momentos, dos beijos quentes que me arrancavam suspiros. Mas isso foi inexistente.

Eu poderia escrever mil dramas como já fiz tantas outras vezes... poderia fazer parecer bonito, um quase amor. Mas não o é.

Eu não me roía por dentro quando falavas das outras. E não sinto falta dos teus jeitos que nem me arrepiavam. Ou de quando fingias (e como fazes bem) estar preocupada comigo. E também, os nossos beijos nem eram bons, amor... nem eram.

Olha, eu não sentia borboletas no estômago enquanto esperava duas horas até te ver. Muito menos quando te via, nem vermelha eu ficava. E quer saber? Eu nunca me arrumei pra ti.

A única coisa que talvez faça falta é o sexo. Tão profundo, tão falado, tão duro e veloz. Da melhor forma que pode ser feito: sem amor. Quem sabe eu sinta falta disso. Mas sabe, não importa. Na esquina outra já me espera.

Hoje eu já não lembro mais do teu rosto e até ousei trocar teu nome. Hoje deve ter sido o dia mais feliz da minha vida.

Espero que tenhas lido tudo, de cima à baixo, e que cada palavra tenha passado reto, como água, sem tocar, sem importância.
Embora eu deseje, sei que não lerás.

Desejo, por hora, que saibas substituir bem as pessoas e os sentimentos. Que encontres alguém melhor em todos os aspectos. Talvez não que eu, mas que tu. E que essa pessoa não seja como eu e, sabendo lidar com sagitarianos, te prenda sem deixar fugir, perder.




Amor, talvez tu me conheças e agora, depois de tanta besteira, eu possa dizer que eu choro todas as noites e que essa carta têm as mentiras mais mal contadas que alguém pode escrever. E eu tento acreditar.

Eu jamais te amei. E obrigada por não viajar comigo, eu me encontrava na ponta de um abismo. Tres dias, tres passos e eu cairia para dentro de ti.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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O fato é de prestar atenção visto que, neste instante, o cinza tornou-se cor em meio a tantas outras, sem mistura. Igualou-se.
Uma cor que veio com o dom de não colorir, sendo tão bonita quanto às chamadas vivas. Não por ser morta, não por nada.
Ela tem cor, ao contrário do que dizem. O problema, o único problema é que só ela se acha importante o bastante. Só ela sabe do quão trabalhoso é sê-la. Apenas a própria sabe dizer que, dessa junção de tantas cores, fez-se nascer uma essência única. Não existe nem mais clara, ou mais escura, ou especial. É cinza, com um pouco de cada, tornando-se o mais completo e incompleto, por ser deixado vez ou outra de lado.

Bom dia, me chamo Cinza.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

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09/02/08
De tão doce, serviu como traição.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Jamais a vi tão doce. Resolvemos viajar este final de semana. Estamos, no momento, em um quarto todo nosso, e só nós dentro dele. Ela está escovando os dentes, uma das únicas coisas que não temos feito juntas. Estou afundando cada vez mais nessa loucura. Loucura?

Viemos boa parte da viagem conversando. Vez ou outra ela colocava a mão sobre a minha perna e me olhava com um sorriso. Eu desviava, sempre desvio. Depois, fazia um carinho e voltava a falar sobre coisa qualquer. Como eu venero a insignificância dela para os detalhes. Como eu gosto quando ela me olha assim, há tanta afabilidade nos gestos.

A parte em que não conversamos, adormecemos. Uma grudada na outra como se, se não o fizéssemos, pudéssemos nos perder. Ela me toca de um jeito que me arrepia a alma. Ela dormiu primeiro, eu fiquei olhando pr'aqueles olhos puxados e a boca bem desenhada. Como é branquinha!

A viagem, de cinco horas, pareceu durar minutos. Os dias lado a lado sempre viram minutos! Eu não sei se pra ela... eu sinto saudades de convivência. Chegamos não muito cansadas pois haviamos dormido e então fomos comer algo. Até comer, quando é na companhia dela, torna-se mágico.

Já passa da meia noite, logo após o banho ela foi escovar os dentes. Já escovei os meus. E essa vontade de contar e registrar cada passo dela, meu, nosso pra que nada se perca, não me larga. Eu gostaria de colocar as horas com os minutos e os segundos mas me taxariam de louca.

Amanhã sairemos para conhecer a cidade. Ela disse estar com saudades. Eu pude mimá-la a viagem inteira. Quanto carinho existe em mim! Quanta vontade! Eu não posso desperdiçar nenhum abraço sequer.

Talvez não passe de superficialidade. Impulsividade. Ela disse que sente saudades, mas eu sei que é agora e depois passa, com os dias. A minha não.

Agora vamos dormir.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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O poema dormiu, de novo. O meu, dessa vez. E todo aquele sentimento também dormiu com ele. E eu e ele estávamos juntos, na mesma cama, eu do direito e ele do esquerdo, mas não deu tempo, quando eu fui falar já era tarde.
O poema dormiu ao meu lado. E todas aquelas palavras olhavam para mim assim, preguiçosas, como eu quando acordo e olho para ti. Eu estava o dobro, sonolenta, meio dopada de tanto ler as entrelinhas, não entendendo nada.

O meu poema, dentro de ti, não dorme. Se tu fosses um livro eu comprava e leria e releria e tentaria traduzir para todas as linguas possíveis e falaria no sonho em castelhano e te abriria e comeria cada letra e te comeria. E tu, como vício que és, que te tornas, te apossas de mim.
Tu não cabes em páginas, não cabes mais em mim! Simplesmente não cabes. E agora estás saindo pela capa, e pelo pára-brisas, e pela porta do quarto, e pelos meus poros e por mim. Mas tu não transbordas, tu não te tornas ausente aqui.

O poema, aqueles todos que têm aroma e cor e riscos e o alfabeto-inteiro-em-dó-maior, não pára de choramingar e reclamar. Ele não quer mais dormir. Ele disse que tu estás longe e que ao meu lado não dorme. O que eu sinto? Saudades. Agora não és tu quem transbordas, é essa coisa toda que me prende aqui. Eu não saio da cama, do quarto, desse quadrado branco. E o poema berra e grita e esperneia me pedindo pra que tu voltes, mas tu não faz questão, tu vives.

O poema morre. Ele morreu. Morreu de abstinência, de amor. Morreu de abstinência de amor. Tu fizeste falta, talvez fosse o objetivo. Quem sabe tu estejas feliz por alguém morrer por ti. O poema morreu de saudades, provando que a morte pode ter causas sentimentais. Morreu de desgosto ao saber que és tão rasa, tu não deixas que um pingo de coisa-qualquer, que seja, te faça transbordar, como o que houve comigo. Tu tens o teu fluxo, e disso não passa.
Mas o tempo é tempo, mesmo que nós não saibamos o que significa até os sete anos. Mesmo que ele se arraste com paciência. Mesmo que eu não tenha o tido para mostrar isso à ti. E o tempo te fará transbordar, te esgotará, romperá teus limites, cedo ou tarde.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Aos amores que me deixaram esperando, sentada, qualquer coisa, qualquer doce ou palavra, quem sabe palavras doces. Eu esperei com tanta vontade, com tanta convicção que viria, que meu tombo nem doeu, a realidade foi fácil... o que dói é tentar acreditar de novo.

Aos que me deixaram, pelo simples fato de desconsiderarem uma chance, um sentimento. Que foram porque não viram porquê seguir em frente, ou perderam a vontade de me ver, ou não viram mais graça nem cores ao meu lado, nem ouviram sininhos ao me beijarem.

Os que nunca vieram e me deixaram aqui, indignada, imaginando, tentando ver o perfeito, procurando tom por tom de nota, achando em cada canto, juntando partes, criando algumas, o que não existe e construindo monstros.

Aos que virão para novamente me deixar e, assim, aumentarão a lista, os nomes e as dores. E talvez um desses, pegue meu coração em pó e leve para alimentar os pombos da praça. E que, por favor, não deixe meu coração no formol, conservando tudo lindo, tudo inteiro. Que sejam bons comigo, uma vez.

E ao que está agora, eu digo: que venhas, pra me deixar, mas que venhas. Que te entregues, que pintes e bordes o meu coração, que marques nele toda essa mentira. Que transpareça todo esse falso sentimento. Que tu te dês inteiro, que me tome. Que tu cante, e toque e conquiste-me quantas vezes tiveres que fazê-lo e que eu retribua, sempre doce, sempre "sim".
Quero cores, todas as cores em aquarela, para que venhas com força e com "não" e manches tudo. Um balde de água fria, molhando, borrando e misturando tudo em cinza, com gosto amargo de nada com nada.
Meu coração ainda não é peça fundamental para alguém, nem eu dou o valor merecido. Se desse, não me lastimaria tanto. Ele ainda não é farelo, ainda não serve de alimento. Eu preferia ter um caroço no lugar de um pedaço de gente.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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Talvez isso tudo seja só porque sentes medo, só conformidade, certeza de que eu gosto. É cômodo saber que a eu estarei ali para quando quiseres, como quiseres, que farei o que quiseres e a posição que pedires. Se eu fosse mais difícil, talvez, tu serias mais fácil.

Eu estou cansada da minha insegurança, dessa instabilidade, falta de carinho e de sentimento. Eu estou cansando de duvidar, de pensar e de querer. Se eu cansar, um pouco mais que seja, eu dou as costas de novo, e de novo, e de novo pra me arrepender mais adiante. Eu estou exausta de momentos, e só momentos. Sou mimada e, se for assim, eu não quero. Mas é mentira, eu faço tudo pra que me queiras um pouquinho que seja.

Eu não sou de conquistas, de pedidos nem de declarações. Eu sou fechada, amor, e tu não percebes ou não queres perceber? Tu poderias me puxar mais vezes, me chamar e falar com menos carinho do passado.

Aqui estou eu preparada para mais uma dose de descaso, fingindo não me importar com a indiferença. Dizendo para outro eu que está tudo bem, que não é amor, que não tem nome, é só isso, isso que a gente precisa, assassinar o tempo com beijos e depois partir um para cada lado e mais uma semana sem uma palavra.

É como se me escrevessem em folhas quando eu li a parte que falava sobre quando tu sais e me perguntas se esquecestes algo, eu também tenho vontade de gritar: esqueceu sim, eu! E quando firmas a pergunta dizendo: não tem nada meu aí? E eu querendo te lembrar que sim, tem eu. Eu sou tua! Mas você sabe, e eu sei que existe uma falta de espaço.

E sabe, todas as coisas e as pessoas perdem a cor e a graça. Tudo, todo o passado fica sendo nada, porque nada pode ser comparado com agora. Embora haja o lado ruim, todo o pesadelo, o sonho serve para desmanchar isso.

Eu tenho calado meu coração, entorpecido ele para que não fale por mim dizendo que há, sim, sentimento. Dizendo que a gente não é só isso que paece ser, que não é indefinido, que tem nome, que tem significado e que pode ser lindo se alguém ceder. Eu cedi, e estou com sede de ti.

"Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer."