quinta-feira, 25 de setembro de 2008

05°C

E ai agora eu estou aqui, assim, sentindo um frio, entende? Um frio absurdo! Um frio ensurdecedor. E você simplesmente não pensa que eu posso estar aqui, com esse frio meu e que só diz respeito à mim, porque você está coberta até a cabeça, em um lugar qualquer, com os pés e as mãos quentes, sem sentir esse frio que nada cobre, como se nenhum cobertor existisse e eu estivesse dentro de um freezer. Você não se importa com o que isso, a longo prazo, pode fazer. Uma hipotermia pode causar conseqüências irreversíveis. Eu tenho medo de me acostumar a sentir isso e começar a usar poucas roupas e não querer mais que ninguém me toque. Estou pensando que talvez seja melhor assim, mas mesmo pensando isso, mesmo tentando pensar que o frio é psicológico e que vai passar, meus dedos não esquentam.
Esse frio, eu sei que não sou a única a sentir. Milhares de pessoas agora sentem o mesmo que eu. Mas de que adianta duas pessoas com frio compartilhar o gelo? Enquanto isso todas as outras partes dormem quentinhas, umas ao som de qualquer coisa, outras com um silencio de roer unhas. Mas eu, eu não. E nenhuma parte quente dividiria as cobertas comigo. E mesmo se dividissem, a única que eu aceitaria é a sua. Mas ela é sua e você não é acostumada a dividi-la com os outros. Você se acostumou a ter seu tempo e não ter que dividi-lo com outras pessoas.
Às vezes eu tenho uma certeza muito, muito grande de que me esqueces. E sabe que às vezes eu te esqueço? De vez enquando, quando eu estou vendo a novela ou assistindo a aula de História, eu esqueço de ti por alguns segundos, mas volto a lembrar. Só que eu penso e lembro, pensando que sou esquecida. Porque eu sei que tens mais coisas no que pensar, enquanto eu só tenho pensado em estudar matérias de colegial. É por isso, sei que é por isso que penso mais em ti do que o contrário.
E essa carência? Esse frio é culpa da carência? Tem quem morra por carência a alguma coisa. Vitaminas, proteínas e todas as inas do mundo. Eu posso morrer disso? E é insubsituível! Tentei pedir que alguém me fizesse carinho, ela cansou as mãos e não adiantou.
E enquanto eu não durmo com esse frio, essa carência e esse silêncio que só ouço as teclas do computador, você dorme em algum lugar pouco confortável e sem o meu corpo. Achas mesmo que consegues ter bons sonhos longe de mim?

Olha, eu estou tentando com todas as minhas forças me esquentar mas, na verdade, eu não quero. Não quero me esquentar sozinha. Não quero conseguir ficar bem sem você. Eu só queria um amor, agora, na cama, debaixo das cobertas. Só queria encostar meus pés gelados nos seus, e deitar a cabeça no teu colo até pegar no sono. Eu só queria que você estivesse sentindo o meu frio e a minha falta.

(as repetições foram propositais. não respeitei as regras)

domingo, 14 de setembro de 2008

...

Solucei até não conseguir mais respirar. Besteira quem pensar que eu bebi. Quem dera essa água tivesse gosto de álcool e não de sal.

Sobre um Domingo Eterno

Pelas milhares de vezes que sonho e depois desejo, sem saber o que fazer, que nada se realize. Por esses meses tenho gostado tanto da vida, que não preciso que o que não é real concretize.
Tenho querido viver por mim e por ti. Mesmo distante, mesmo com tantas dúvidas e conselhos de coração, não tenho mais essa vontade de desistir do que fez meus dias melhores e as janelas da minha alma mais limpa. Eu tenho visto o tempo menos amarelado.
Não deixaria de morrer de amor por você. Morreria em suspiros, em pequenas doses, com veneno, com vidro, com dor.
Eu te amo, e tem sido tão difícil! É estranho não acordar com ela, mas mesmo assim sentir o perfume pelo quarto e pelos cantos. Acaba sendo gostosa essa sensação de morte por um mês e de nova vida por dois dias. Eu te amo tanto, mas te amar me dói.
É como um corte. Você sai, encontra os amigos, olha pra um lado, olha pro outro e olha pro dedo. Vê aquele anel, aquele nome e pensa: o que eu tô fazendo nesse vazio? É exatamente assim que acontece. E é exatamente isso que me faz ter vontade ficar em casa e poder conversar por horas sem ninguém atrapalhando, com vontade beijar a tela do computador, com vontade me enviar por e-mail, com vontade.
Esperei e esperar machuca. Qualquer palavra vinda de quem se admira, de quem se ama, tem o poder de uma navalha vezes quatro. Não uma navalha com um corte fatal... mas uma que sangre e que demore a cicatrizar.
Não sei dos teus dias, não sei o que fazes, só imagino e acredito no que me falas. Somes, desapareces e depois me explicas que não foi nada demais. Eu engulo o dormonid, o ciúmes e a água, e tudo desce fazendo efeito. O que acontece é que a minha possessão não tem passado nem com o sono, nem com calmante, nem com leitura. Tudo agrava e eu te vejo nas personagens. A única que poderia tornar tudo menos barulhento, mora quase em Singapura.
Tenho tido vontade de matar meus sonhos, engolir teu passado e começar hoje, do zero. Sem ninguém na lembrança, sem medo, sem briga. Eu queria significar muito, mas é puro egocentrismo.
O problema é que eu te amo muito, e amar tem me doído tanto que eu...

sábado, 6 de setembro de 2008

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Sempre que maio chegar, a cicatriz vai berrar pedindo que algo a cure, mas a cura não é mais possível. Nos meses de junho, alguém vai lembrar de quando o coração caiu em sí, vendo que existia mais alguém querendo entrar. Em julho vai recordar o primeiro beijo. Em agosto a primeira visita.

Setembro o inferno-astral teima em visitar alguns, meu caso. Eu ando choramingando, pedindo algo pra me ocupar, pra que o tempo passe rápido. Na falta disso, eu faço besteiras. Fevereiro é o mês do desamor, setembro é o mês do desespero. Hoje faz um ano de um tempo, e algumas horas de outro. Desgraças têm datas pra aconterecem.

Ela me olhava com aqueles olhos de despedida, de alguém que sempre dizia adeus, aos poucos. E nas palavras, na forma de falar, deixava claro isso. Mas eu não quis ouvir nem ver. E, covarde que eu sou, parto. Que coragem eu teria em não deixa-la partir? Como eu poderia fazer isso?

Eu a amo, tanto, tanto, que cada parte de mim está comprimida, amassada. Meu rascunho de vida sentimental acabou de ser rasgado. Sentirei falta.


Espero-te.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Que

Houveram dias em que parei em algum café, pedindo calma, pedindo o caminho. Mas acabei pagando no final, por um café pequeno. Sempre estive sozinha nestes momentos, então ficava quieta, e me afogava naquele líquido forte e negro, sem açucar, que não sustentava todas as minhas decepções, que nunca me serviu de pilar pra nada e que, às vezes, tinha gosto de água.
A idéia do amargo não me assusta. Acostumei-me com ele porque assim a vida parece doce e tenho coragem pra enfrentar as coisa. Desde muito nova eu me vejo com problemas, e é de cedo que engulo-os à seco.
Não tenho muito sobre o que reclamar. Sinto-me extremamente carente e jogada no mundo - o que não é total mentira, quando o drama é meu. Sem eira nem beira. Sem ombro, sem entendimento, sem amor. Mas não me vejo como uma mal amada. Não me tenho como única no mundo. Sei que entre uma janela e outra, existem algumas Isadoras e Marinas, como eu, que escrevem e ouvem músicas, ou que cantam no chuveiro para deixar que a dor seja deglutida pelo ralo. Junto com a delas, meus fios de cabelo.
Jamais desejei muita coisa, e há pouco me vejo de mãos dadas com alguém. Mas alguém tão distante, que talvez não se importe com as entrelinhas. Que talvez pense muito no agora. Que talvez me veja pequena. Que talvez.