sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Foi exatamente assim: eu não pedi, eu não esperava e eu não queria.
É como alguns dizem: a pessoa certa não existe. Porém, a minha pessoa errada resolveu aparecer e, ok, com muitos erros que antes eu julgaria inadmissíveis e hoje acho até fofo (a não ser um).

Não, não digo que ser errada é ser torta, burra e imperfeita. Pelo contrário, ela é o meu número. E tem mania de me mandar calar a boca a cada dez palavras, alguém no mundo deve entender o que é isso, pra depois me chama de amor.

É estranho o poder que ela tem de colocar o meu mundo abaixo, bagunçar todos os cômodos, sair como quem "não queria nada mesmo" e depois voltar e colocar tudo no devido lugar. É pateticamente incrível o fato de ela ter se infiltrado nos meus planos e já estar sentada no sofá da nossa casa, com os nossos gatos e, daqui uns dez anos, a nossa futura filha. Sim, porque ela é descontrolada e quer tres, enquanto eu apenas uma, e menina.

O que me irrita é que ela fez as coisas do jeito mais errado. Tudo o que não deveria fazer, ela fez. Foi a primeira a dizer que estava apaixonada, elogiou o que não é elogiável, me chamou de idiota nó mínimo umas 100 vezes no último mes e quis se afastar mais umas 20. Além de guardar segredinhos que não deveriam ser guardados e me contar só após me ter totalmente caída aos pés. Apesar dos apesares, ela é espertinha.

Eu não gosto de drogas. Amor pode ser considerado uma e, céus!, eu estou apaixonada por essa mulher, completamente viciada e em abstinencia dela, por cada qualidade e por cada defeito que as encobre. Por cada toque que eu não tive, por cada sussurro, por cada gemido e por cada bom dia que eu ainda não recebi. Eu estou excessivamente vulnerável a qualquer tentativa de aproximação e permanência. Eu poderia dizer com todas as letras e com toda a convicção, se me fosse possível e se essa liberdade me for dada, que ela é a mulher da minha vida, porque ela, e só ela, me consegue arrancar suspiros sem ter que mover um dedo.

Nunca tive mania de jogos. Todos que puderam existir, eu abandonei. Do amor não se rouba nada. Não se tira dor, não se coleciona lágrimas nem se destina à alguém que sabemos quem é. Ele simplesmente vem, em um dia de maio, te chama de "difícil", depois te passa o número e, pronto. Do amor, só se furta a cor.



E sim, eu me vejo bem covarde às vezes.

sábado, 14 de junho de 2008

Idiota.

Março - É tarde, já passam das seis e eu ainda te espero. Combinamos que seria às duas. Tu não chegaste. Tu esqueceste. Estavas fora. Fora de ti.
Parece-me que se passaram anos, meses, semanas e quatro horas foram insignificantes perto desse tempo todo. Tu não ligaste pra perguntar como eu fiquei, se consegui voltar para casa, se não me perdi pela cidade. Eu não conhecia o lugar, era como o teu corpo em um primeiro encontro. Como as minhas reações e a falta de saber o que fazer com as mãos.
Depois desse trajeto eu me levantei, sozinha. Não procuro saber de ti, nem te encontrar pela rua. Se acontecer e, por acaso ou destino, te ver com alguém ao teu lado, nenhum amor vai passar.

Abril - Nenhum sinal. Tu só perguntas o que te interessa. Nem respondes nada. Não queres saber de mim.
Mas sabe? Eu estive por aí encontrando e conhecendo algumas pessoas, porém a minha entrega sempre era encomendada, nada espontâneo, nada como o dia 28. E, pensando bem, não lembro ao certo se foi dia 28.

Maio - O mês vazio. Esquece. Apenas no final que me surge uma luz. No começo eu vi os olhos de alguém que não me quer com querer saudável. E sim, existe o doentio, o querer por querer, pra provar que o que parece impossível, é tão possível quanto qualquer coisa. Eu estava caindo mas ela me salvou.
Ela que não é mais uma, quem sabe? Ela que não pensa só. Que tem o meu signo preferido, um nome doce, me chama e me xinga e me liga pela madrugada, embreagada, me falando coisas doces, coisas que eu não sei interpretar, absover, ou julgar ser verdadeiro ou não. Mas as de novembro e dezembro não costumam mentir.

Junho - Eu estou apaixonada. E é só dia 14.

terça-feira, 3 de junho de 2008

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O dia havia de chegar. O dia em que eu deixaria de ser a personagem, sairia das palavras, das letras, do papel. O dia em que todas essas mulheres, essas meninas, essas ninfetas colegiais resolveriam sair daqui e tomar espaço, e conquistar corações, e sofrer amores impossíveis, e viver a não-vida que é essa coisa de sobrevivencia. Mas não chegou.

Contrariando o costume dos outros anos, neste, maio foi o mês ao qual Olívia não se dedicou. Amou pouco, desejou pouco, leu pouco, escreveu pouco e, por conseqüência: viveu pouco. E esse não viver não fez falta. Talvez um pouco a frente ela sinta o arrependimento de ter perdido ele, de deixar a vida passar, de olhar pela janela como se tudo fosse nada. Como se isso, esse corpo, esse nome que lhe deram fosse o que bastasse.

Também por conseqüência talvez ela esteja mais intensa em junho, em julho... os pares são um desastre na vida de Olívia. Esse ano é par. E números pares, para ela, são como pares na vida. Olívia não é par de ninguém, nunca foi. Nem mesmo nas festas juninas, ou nas apresentações de final de ano. Olívia sempre era ímpar ou tinha que dividir o "par" com mais uma, o que os tornavam um trio, de TRES.

Ela a deixou. Isso é um absurdo! Mais uma vez alguém a deixou, mas dessa vez foi ela, aquela que jamais a deixaria. Aquela que disse que não era efêmero. E a deixou assim, pior que qualquer outro animal que não pode falar, ela a abandonou com a boca colada e o coração aos cacos. Nem a procurar ela pode. Nem lhe falar o que sente. Nem lhe pedir um colo. Nem deixar claro que sentiu, que não era só isso, que havia mais, que ela estava disposta, que poderiam ir além. Ela não deixou nada disso, mas deixou-a.

Pamela havia acendido todas as luzes, uma por uma, pra depois corta-las de uma só vez e deixa-la no escuro como se, por falta de algo, como o pagamento de uma conta, como a liberdade, como a pouca dependecia dos pais ainda existente, fizesse com que tudo pudesse ser jogado por água abaixo. E por isso ela deixou Olívia no escuro por exatos tres meses.

Cortem-lhe a cabeça!