quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ao Sucinto Amor de Ontem.

Ana,

isso que te escrevo é sobre desejo. Não desejos carnais, não os meus desejos de ti, mas sim para ti. Quero que a cada final de mês tu olhes para trás e ria dos trinta dias passados. Que aprendas com cada momento, que desfrutes e tires a essência de cada pessoa que por ti passar.

Não que nós não tenhamos sido, nós fomos. Cada uma do seu jeito. Tu fostes do teu, tu me quisestes do jeito que quisestes. Mas eu continuei.
Não é que eu não te entenda, nem que eu não queira ficar contigo, mas nós somos duas, talvez duas inteiras, por enquanto. Já falei sobre isso contigo, tu sabes que eu tenho, de novo, que esperar ser metade. Nós fizemos um pacto, mas tu não cumpristes.

Poderei eu, daqui um tempo, procurar teu rosto por aí e te ver em cada avesso das pessoas. Mostra-te, mostra tudo o que queres e ampara isso que eu deixei. E então todas as cidades irão guardar as nossas imagens não feitas. E todos os países não nos terão como tanto almejaram, assim como eu não quis, assim como eu poderia me culpar por ser frígida com sentimentos.

Desejo que tenhas onde te abrigar enquanto chove. Tu não deves te esquecer que os amigos são portos e que tu não precisas ser forte sempre, em qualquer assunto. Essas mentirinhas não levam à lugar algum, a não ser a perda de destino. Tu não saberás mais em que acreditar, o que é verdade ou delírio.

Eu te desejo um lugar quente enquanto faz frio lá fora para que tu não congeles. E borboletas no estômago enquanto a primavera traz novas flores. E alguém que te dê um colo e cobertas quando o outono vier. E, depois, te desejo o sol e os passarinhos para que tragam música ao teu coração.

Seria uma escolha, eu preferi acordar. Mas eu quero que saibas que da mesma forma que um lápis deixa marcas em folhas brancas mal apagadas, tu me marcasse. E tu vais permanecer aqui dentro até as próximas vezes em que nos abraçarmos.

Se quiseres, podes ouvir os outros quando disserem que sou perda de tempo. Eu só quero dizer que eu desejo que tu encontres o que procuras e que te mantenhas quente e doce, como mel, sempre.

2 comentários:

~santhi disse...

Amor não respeita a linha do tempo.. nem a vontade alheia..

Tenho uma indicação para leitura:
Os Quatro Amores - C.S. Lewis (Ja leste??)

ps.: não é nenhuma novela..

Marília Alves disse...

Amo-te, só. Mesmo quando não tiver o que dizer, terei o que sentir. Te amo, te amo. E isso é tudo, por enquanto. Metade.