terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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O poema dormiu, de novo. O meu, dessa vez. E todo aquele sentimento também dormiu com ele. E eu e ele estávamos juntos, na mesma cama, eu do direito e ele do esquerdo, mas não deu tempo, quando eu fui falar já era tarde.
O poema dormiu ao meu lado. E todas aquelas palavras olhavam para mim assim, preguiçosas, como eu quando acordo e olho para ti. Eu estava o dobro, sonolenta, meio dopada de tanto ler as entrelinhas, não entendendo nada.

O meu poema, dentro de ti, não dorme. Se tu fosses um livro eu comprava e leria e releria e tentaria traduzir para todas as linguas possíveis e falaria no sonho em castelhano e te abriria e comeria cada letra e te comeria. E tu, como vício que és, que te tornas, te apossas de mim.
Tu não cabes em páginas, não cabes mais em mim! Simplesmente não cabes. E agora estás saindo pela capa, e pelo pára-brisas, e pela porta do quarto, e pelos meus poros e por mim. Mas tu não transbordas, tu não te tornas ausente aqui.

O poema, aqueles todos que têm aroma e cor e riscos e o alfabeto-inteiro-em-dó-maior, não pára de choramingar e reclamar. Ele não quer mais dormir. Ele disse que tu estás longe e que ao meu lado não dorme. O que eu sinto? Saudades. Agora não és tu quem transbordas, é essa coisa toda que me prende aqui. Eu não saio da cama, do quarto, desse quadrado branco. E o poema berra e grita e esperneia me pedindo pra que tu voltes, mas tu não faz questão, tu vives.

O poema morre. Ele morreu. Morreu de abstinência, de amor. Morreu de abstinência de amor. Tu fizeste falta, talvez fosse o objetivo. Quem sabe tu estejas feliz por alguém morrer por ti. O poema morreu de saudades, provando que a morte pode ter causas sentimentais. Morreu de desgosto ao saber que és tão rasa, tu não deixas que um pingo de coisa-qualquer, que seja, te faça transbordar, como o que houve comigo. Tu tens o teu fluxo, e disso não passa.
Mas o tempo é tempo, mesmo que nós não saibamos o que significa até os sete anos. Mesmo que ele se arraste com paciência. Mesmo que eu não tenha o tido para mostrar isso à ti. E o tempo te fará transbordar, te esgotará, romperá teus limites, cedo ou tarde.

3 comentários:

Escaminha disse...

Opa!
Vamos trocar idéia sim.
A comunicação é tudo.
escaminha@gmail.com

bjs

Suellen Verçosa disse...

Nossa...até consegui sentir o tranbordar, o encher,aquela torrente toda que permeia nossa alma...

Lindo...

Ainda leio você viu moça...
=D

Bjus...

Silly disse...

nossa ... q dahora ... viajei nesse textim ... ^^' ... nossa fui longe...
pow demorei mas descobri o teu antigo blog ...ai lembrei que já te lia ... ^^ ... pow o processo é lento aki mas devagar se chega longe... hahahahahah Bjim lindah ... vc escreve divinamente ... sempre divinamente... com palavras suaves e doces ao ouvido ... perfeito ...